Nós – Exposição​

Datas: 24 de fevereiro a 11 de maio de 2024

Horários: Ter e Qua – sob agendamento | Qui e Sex – 11h às 19h | Sáb – 10h às 16h

Local: Av Rebouças, 2915 – Pinheiros, São Paulo/SP

Sobre: “NÓS” surge como uma proposta afetiva de engajamento comunitário e um convite a todes para olhar para o futuro em coletividade. A palavra em si e suas possibilidades de significação acarretam entrelaces, vínculos, a pluralização do eu em nós, assim como considera situações mal resolvidas, não-ditos e incômodos históricos e atuais entre diversos povos asiáticos.

Artistas: Alice Yura, Beca Chang, Bel Ysoh, Carmen Zaglul, Carolina Itzá, Carolina Wang, Catarina Gushiken, Cho, Claudia Kiatake, Corina Ishikura, Cristina Suzuki, Dani Shirozono, Dudu Tsuda, Élcio Miazaki, Felipe Ikehara, Felipe Shibuya, Hiromi, Ing Lee, Isabel Se Oh, Leo Lin, Leonardo Eiki, Mauro Yamaguti, Mika Takahashi, Monica Chan, Naomi Shida, Nill Arts, Nina Horikawa, Patricia Baik, Rafael Hayashi, Shakila Ahmad, Shima, Singh, Tami Tahira, Tieko Irii, Tinho, Yasmin Dib, Yoko Nishio

Curadoria: Juily Manghirmalani, Allan Yzumizawa, Alex Tso

Texto Conceito

Em uma sociedade fortemente dividida, a exposição “NÓS” surge como uma proposta de olhar para o futuro em coletividade. A palavra “nós” em si e suas possibilidades de significação remetem a entrelaces, vínculos e a pluralização do eu em nós. Como também, interpretações de situações mal resolvidas, não-ditos e incômodos. Esta exposição foi idealizada com o reconhecimento das camadas que unem e distinguem as comunidades asiáticas – tanto dentro de um sistema coletivo e abrangente, como em nível subjetivo das experiências individuais – em toda sua diversidade cultural e política e na necessidade contemporânea de laços e união.  

 

A Diáspora Galeria tem como premissa pensar a presença de grupos socialmente minorizados no sistema artístico como possibilidades de potências que expandem horizontes. Com a certeza de que o essencialismo gera paternalismos colonizatórios sobre essas comunidades, como tipificação, exotificação e produção de estereótipos, é importante para nós, agentes culturais e artistas-pesquisadories que se compreendem racializades, o esforço em cativar socialmente um olhar no qual o eu e o outro não sejam incisivamente apartados

 

Nossos corpos, nossos fenótipos, nos acompanham à medida que movimentam em sentido primário a relação dos outros conosco, e a de nós com o mundo. Entender que há esta simbiose entre o indivíduo e sua corporeidade social, e que estas relações ainda determinam os caminhos pelos quais somos inclinados a percorrer, faz com que haja a necessidade de voltar às nossas comunidades e recortes étnico-identitários como estratégia de politizar nossas vivências. Através disso, coletivamente desenhar ferramentas para romper com hierarquias sociais, há muito tempo sedimentadas sobre a opressão de muitos e o privilégio de poucos.

 

Foi neste contexto que Alex Tso, filho de imigrantes chineses, Juily Manghirmalani, filha de imigrantes indianos, e Allan Yzumizawa, de família japonesa e ainu, se juntaram para pensar a exposição “NÓS”, através da necessidade de expressão de uma experiência asiático-brasileira que em níveis e facetas distintas se deslocavam e se aproximavam.

 

Constituir um senso de comunidade entre nós implica em reconhecer experiências fragmentadas que, ao invés de impossibilitar uma ideia do que pode ser uma realidade asiático-brasileira atual, constitui fronteiras móveis que se moldam a cada novo entrelace formado entre esses grupos. A multiplicidade ao qual nos comprometemos é a do fortalecimento de posturas de acolhida e partilha que exercitam a busca pela alteridade como estratégia política. Diante disso, convidamos a todes, não só artistas, não só profissionais da cultura, não só pessoas asiáticas, a mergulharem nesta exposição, que engloba 37 artistas de distintas trajetórias e pesquisas poéticas.

 

Vale reconhecer que toda curadoria não satisfaz por completo um panorama ao qual se dedica abranger, porém nossos votos são a de que este chamado para um futuro comunitário não seja a cristalização da produção artística de uma identidade étnico-racial específica, mas sim o pontapé para que cada pessoa saia da exposição com um gostinho de “quero mais”. 

 

E que assim leve pesquisadories a se dedicarem a mais estudos sobre nossas comunidades, que leve artistas a se conectarem com outres criatives com es quais se identifiquem, que levem lideranças comunitárias a colaborarem com outras comunidades, que impliquem todes, no fim, e de maneira incontornável, à conclusão de que é pelo reconhecimento das diferenças o único caminho para uma luta unificada.