DOZE – Residência artística coletivo Vilanismo

Datas: qui, sex e sáb de 20 de abril a 13 de maio 2023

Horários: qui e sex – 11h às 19h | Sáb – 10h às 16h

Local: Av Rebouças, 2915 – Pinheiros, São Paulo/SP

Artistas: Rafa Black, Ramo, Renan Teles, Jeff Rodrigo, Denis Moreira, Zaim, Rodrigo Francisco, Daniel Ramos, Diego Crux, Consp.

Sobre: Tamo cansado de tentar ser herói. Decidimos virar os Vilões. Os Vilões do circuito das artes. Estamos no corre sem nos sujeitar à apreciação e à legitimidade daqueles que detém o privilégio de decidir se a gente SAI ou FICA.

A DOZE é uma residência artística criada de nóiz para nós mesmos, como oportunidade de trocas, aprendizado e convivência afetiva e criativa entre homens pretos e favelados.

Além da residência artística, as próximas ações desse primeiro ciclo de experimentações envolve:

Ateliê aberto ao público 06/maio 14h30 às 20h
FUNÇÃO Feira de arte 12 e 13/maio

Texto Conceito

O número DOZE flerta com múltiplos caminhos simbólicos, arquetípicos e até cabalístico. Já nas culturas das margens, o termo toma outros matizes, contornos, contrastes e novas gingas em seu uso diário.

Como diz Ramo: “Assinar o DOZE é o código cifrado, falados nas várias margens brasileiras, para indiciamento por tráfico de drogas segundo o código penal brasileiro. Este pequeno verbete do léxico visual do racismo à brasileira vem ligado a estereótipos de corpos muito específicos, com CEP, cor e gênero bem definidos, permitindo a manutenção das mortes e o controle sistemático de ex-escravizados e seus descendentes.”

Como sempre sugere a curadora Fabiana Lopes a nós jovens artistas negros e favelados, hackear o uso original deste signo vem em diálogo com o clássico da música brasileira do músico MV Bill – Traficando informação, O álbum foi lançado em 9 de junho de 1999, uma data em que todos os números são múltiplos de 3, assim como o número DOZE.

Ao trazer o tema ao coletivo a reação de parte dos artistas foi somar conceitos que estruturam este texto, como Crux afirma: “Somos 12 apóstolos sem salvador e sem trairagem”

Seu olhar confecciona automaticamente um novo parágrafo para esta epístola que compõe o evangelho marginal Afro Paulistano, iniciado especialmente pelo álbum Sobrevivendo no Inferno, justaposto pelo álbum subsequente, Nada como um Dia após o Outro Dia, ambos do Racionais MC’s.

Jeff acrescenta: 12ª badalada do dia, que começa na hora mais escura.
Em sua reflexão, Jeff aponta que: “A hora mais escura – aquela em que as coisas começam a ficar obscuras – é a hora em que muitas coisas começam. (…). Assim como um novo dia começa na hora mais escura, muitas coisas começam com o nosso povo, especialmente nas partes mais escuras da sociedade brasileira, como as comunidades periféricas. (…) Essa frase também está relacionada à manutenção da nossa esperança de que o novo que desejamos ver em nosso tempo virá do nosso povo, inclusive daqueles que vivem nas partes mais escuras da sociedade.”

Rafa Black relembra dois conceitos importantes relacionados ao número 12. O primeiro é “12 também como o dia antes do dia 13 de maio”, data da Falsa abolição e sua fake news histórica na nacionalidade brasileira. Já o “12º jogador”, utilizado no contexto do futebol, refere-se aos torcedores que acompanham o jogo, e que têm um papel importante em apoiar e incentivar o time durante a partida. Os apontamentos trazidos por Rafa nos dão pistas de signos ancestrais em nossa epigenética, ligados às várias tradições negras ao redor do mundo.

Ao se apropriar do número DOZE e utilizá-lo de forma autônoma, a Residência DOZE também busca hackear seu uso original como código cifrado, sublimando a violência que lhe é inerente e criando novos valores e significados a partir dele.

Essa atitude é um ato de resistência e subversão, que permite que os artistas negros e favelados se apropriem de um símbolo que antes os estigmatizava e o transforme em uma ferramenta de expressão e empoderamento.

Em suma, a Residência DOZE é um espaço de resistência, subversão e transformação, que busca incentivar a produção intelectual e artística das comunidades negras e faveladas, ao mesmo tempo em que desafia e subverte os símbolos e códigos que lhes são impostos pela sociedade. Ao adotar o número DOZE como sua marca e subvertê-lo em novos significados, a Residência DOZE se coloca na vanguarda da produção cultural marginal no Brasil, ampliando as possibilidades de expressão e representação para aqueles que ainda são marginalizados e excluídos.

Por Ramo – Vilão, Educador, Artista Visual e Pesquisador das margens e seus recantos.

Programação

atelie vilanismo

Ateliê aberto ao público

Sábado 6/5 – 14h30 às 20h
O VILANISMO convida você para ser cúmplice deste crime, o ato de ser disruptivo em fomentar, apoiar, co produzir e conspirar com arte, feita por homens pretos e favelados, navegando e hackeando símbolos e signos alocados em múltiplos territórios das artes contemporâneas em favor daqueles que estão à margem do circuito paulista das artes.

Se você é interessado em novas formas de expressão artística, não perca essa oportunidade! Venha conspirar conosco no entre artes contemporâneas. Vamos juntos desafiar as estruturas tradicionais e criar algo novo e impactante para cena de nós, para nós.

Programação do dia:
A partir 14h30 | Visita ao ateliê e conversa com os artistas.
Aproveite o momento para se aprofundar na pesquisa de nossos artistas, levando em conta seus processos de trabalho, seus caminhos possíveis e veja in loco a construção de novas obras para futuros projetos e exposições.
 
18h às 19h30 | CUBO PRETO – Edição especial na Diáspora Galeria
Roda de conversa com o coletivo, que apresentará os processos estratégicos e internos de construção  de parcerias institucionais, parcerias com o circuito de artista, pesquisa pictórica e outras camadas da residência DOZE.
Pergunta Chave: O que é estar à margem do circuito de arte contemporânea hoje?
 
Feira vilanismo

FUNÇÃO Feira de arte

Sexta 12/5 e Sábado 13/5

FUNÇÃO é uma feira de arte promovida pelo coletivo Vilanismo, que apresenta a produção dos seus artistas na residência DOZE, em um evento que valoriza o colecionismo plural e a arte feita por pessoas que foram racializadas. Além disso, a feira também busca refletir sobre as questões estruturais do mercado de arte contemporânea brasileira. 

Realizada durante a Falsa Abolição da escravatura, a feira aborda duas frentes possíveis: a autonomia para se libertar como pessoas negras e a importância de questionar a data como algo a ser conquistado, não como um fato já estabelecido. Isso permite aos artistas do Vilanismo a produção de forma autônoma, obtendo assim uma autonomia financeira temporária. 

A feira reúne diversas formas de arte, como múltiplos, gravuras, desenhos, livros de artista, pinturas, esculturas e outros suportes para o colecionismo livre e autônomo. Além disso, a feira busca criar um espaço de diálogo e troca de ideias entre os artistas, trabalhadores da cultura e o público interessado. 

FUNÇÃO é uma oportunidade única para quem busca imaginar e concretizar um novo mundo, mesmo em meio à distopia